Jackie Brown (1997) – Não confie neste filme

O terceiro longa-metragem escrito e dirigido por Quentin Tarantino, Jackie Brown, será exibido no Auditório Ovelha do Centro de Convivência da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A sessão faz parte da Mostra TarantinaMente, organizada pelo Cineclube Rogério Sganzerla. O evento é aberto ao público e ocorrerá na próxima terça-feria, 1, às 19h.

Pam Grier e Samuel L. Jackson interpretam, respectivamente, Jackie Brown e Ordell Robbie. (Imagem: Reprodução)

Lançado em 1997, Jackie Brown é considerado por parte do público o filme mais incomum de Tarantino – pelo menos, até a estreia de Era uma Vez em... Hollywood. Quem sabe o distanciamento de algumas pessoas transcorra do fato de ser a única obra realizada pelo cineasta a partir de um roteiro adaptado. Aliás, quando surge o letreiro "written and directed by Quentin Tarantino" nos créditos finais, um "for the screen" (para a tela, em português) é acrescentado antes do nome dele para indicar que trata-se de uma adaptação (do romance Rum Punch, de Elmore Leonard).

Acima de qualquer coisa esse estranhamento de parte do público advêm mesmo da forma como a encenação sustenta a imprevisibilidade da narrativa, a qual acompanha Jackie Brown, uma aeromoça que transporta dinheiro para o traficante de armas Ordell Robbie a fim de completar a renda. Ela acaba sendo pega em flagrante por dois investigadores, os quais propõem um acordo para deixá-la livre: ajudá-los a pegar Ordell. Jackie elabora um plano, com o auxilio de um agente de fiança, no qual pretende cooperar com os dois lados (investigadores e traficante) para sair dessa situação embaraçosa com meio milhão de dólares.

(Imagem: Reprodução).

Por meio de um emaranhado de personagens e esquemas, Jackie Brown estabelece uma sequência de diálogos verdadeiramente nervosos. A sanguinolência existente em outros longas de Tarantino é deixada de lado para a construção desses conflitos imprevisíveis. Não imaginamos o que Ordell fará com Beaumont Livingston, tampouco qual medida Louis Gara tomará para fazer Melaine ficar quieta, por exemplo. Em última instância, não fazemos ideia de como será o desfecho do complicado plano da protagonista.

Tais conflitos e personagens convergem na memorável cena ambientada dentro de um shopping center, a qual mostra diferentes perspectivas de uma mesmo acontecimento, proporcionando uma clareza dos fatos inédita até aquele momento. A desconfiança impregnada no enredo do filme parece refletir a primeira impressão dos espectadores com o longa-metragem, sobretudo daqueles desavisados que aguardam uma obra semelhante aos títulos mais populares de Quentin Tarantino. 

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