The Flame and the Arrow (1950) | A graça de Burt Lancaster, por Jacques Tourneur
Quem diria que a minha redescoberta do cinema de Jacques Tourneur passaria pelo sorriso deste Burt Lancaster num estado de graça fairbanksiano. Eu tive de atravessar o cenário colorido, idílico e traiçoeiro de Canyon Passage (1946), ser atravessado pelas belezas e horrores da natureza humana de Cat People (1942), cruzar fronteiras com o personagem de Robert Mitchum em Out of the Past (1947) e, por fim, pôr abaixo todas as barreiras entre ciência e religião, ceticismo e crença, passado e futuro para estar presente junto ao pastor de Joel McCrea em Stars in My Crown (1950). Parece-me que só depois dessa jornada é que eu pude encontrar o elo ao qual todos esses filmes são ligados. Por trás da tenacidade das personagens e das persistentes configurações dos mais diversos gêneros cinematográficos, quem sabe ao seu contragosto, eu finalmente enxergo Tourneur. Jacques Lourcelles destacou que o encanto do cinema de Tourneur, digamos assim, se dá na medida em que ele apaga por completo a...