Cineasta interpretado
Por Rogério Sganzerla. Alguns anos depois de sua morte, o diretor Kenji Mizoguchi tornou-se na Europa um fenômeno tão discutido como Bergman ou Antonioni. Entusiasmou especialmente os críticos franceses: por seu estilo poético e realista, que lembra o impressionismo de um Renoir ou Bresson; por seu amor por Maupassant e Balzac (“ qui ont volu mettre au couer de leur ouvre l’homme réel tout entier ”); pela técnica moderna de cenas longas; por uma limpidez que lembra Murnau e Von Stroheim. E sobretudo por adotar um recuo diante da realidade, por “uma certa distância da câmera…” (segundo M. Mesnil o cineasta substitui uma câmera-testemunho por uma câmera engajada com a intriga, quase inquisitorial). Define-se Mizoguchi como “um observador do mundo físico e humano” – de olho natural e distante do mundo; e este seria o segredo de sua força crítica. Não há, em seus filmes, enquadramentos insólitos que chamassem a atenção, que violentam a realidade. Ele não tentou “ tricher avec la reali...