Por Patrick Holzapfel. Quem, com um ar melancólico e um charuto no canto cicatrizado da boca, adornado com roupas douradas cintilantes, dá algumas piruetas mortais para, em seguida, se ajoelhar de forma lasciva e triunfante diante de um touro desnorteado e tragicamente condenado nas areias empoeiradas de uma arena em êxtase, não é apenas o exemplar ideal de uma raça humana tão rica em anormalidades, mas também o perfeito registro de Budd Boetticher, disfarçado de ficção autobiográfica, sobre a dignidade do machismo. Essa dignidade, mostra o cineasta, é uma questão de estatuária masculina. Mais tarde, quando Boetticher, com a ajuda do diretor de fotografia Jack Draper, o qual se sente à vontade no clima mexicano (anos depois, Orson Welles iria visitá-lo para fracassar em Don Quixote), dispara fogos de artifício de close-ups de seus protagonistas, brilhando contra as nuvens esparsas e a solidão da arena, eles se tornam estátuas novamente, testemunhos fossilizados de uma masculinidade imó...