Joan Bennett, a “coisa embrulhada em celofane”
Por Christian Viviani. Joan Bennett não foi uma estrela. Mas se podemos ler sua carreira como uma série de encontros perdidos com o verdadeiro sucesso público, ela foi, em certo sentido, mais do que uma simples estrela: uma epifania fulgurante, que o sucesso popular desprezou, mas que alguns dos maiores cineastas europeus de Hollywood conseguiram milagrosamente capturar em sua trajetória. Nascida em 1910, estreando no cinema em 1928, Joan Bennett vem de uma família de atores. Seu pai é o célebre e excêntrico Richard Bennett, que Orson Welles transformou no patriarca Amberson. Suas irmãs são a brilhante e espirituosa Constance, a primeira heroína de Cukor, e a mais obscura Barbara. Joan surge a princípio como uma versão mais popular da sofisticada e mundana Constance: a mesma loira espumosa alisada com brilhantina, o mesmo perfil delicioso, a mesma silhueta impecável. No entanto, Joan não aposta na ostentação do figurino ou na alusão assassina. Sua aparência refinada, quase virginal, el...